terça-feira, 1 de novembro de 2011

1984 (George Orwell, 1948)

análise por Matheus Silveira Venturini
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Análise de 1984

Há muito tempo, os modelos de governo Stalinista e Nazista eram muito conhecidos no mundo, o livro 1984 mostra uma crítica a esses modelos de governos ditatoriais, mas para mim, o livro se mostra mais aplicável ao nosso tempo atual, tempo o qual alguns filósofos chamam de “tempo do governo da mídia”, é simplesmente incrível como um livro escrito a mais de meio século consiga prever algumas coisas da nossa sociedade atual, mostrando a qualidade ímpar da obra.

A história começa com Winston, uma pessoa normal, em um mundo normal, onde todas as pessoas normais tinham os mesmos pensamentos normais, a única coisa que dividia um indivíduo do outro eram seus aspectos físicos, que vivia em um mundo repleto de monitores que aleatoriamente observavam as pessoas, em um dia de sua rotina trabalhando no ministério da verdade (onde se manipulavam notícias entre outras coisas conforme o desejo da Ingsoc, o partido), durante os dois minutos de ódio, momento no qual se mostrava as conquistas, de veracidade duvidosa, do partido, e se mostrava também “o traidor” Goldstein, que era repudiado por todos, durante as seções haviam aplausos e declarações de gratidão de amor ao “Grande Irmão” que era o herói da nação, cuja opinião era certa e soberana, e a Goldstein, sobrava o papel de “bode expiratório”, mas durante a seção algo estranho acontecera a Winston, ele não gritara pelo Grande irmão como antes, era como se uma fera interior tivesse que se manifestar, chegando em casa, ele pega um diário e uma pena, materiais clandestinos (na verdade nada dizia que eram clandestinos, mas ficava subentendido que não deveria se demonstrar opiniões, do contrário, quem o fazia “vaporizava”) e fora a um ponto cego de sua casa onde a teletela não o enxergaria e desabafara no diário:

“ABAIXO O GRANDE IRMÃO”

Após esse dia Winston começava a se policiar mais sobre o partido, reparava mais sobre o que ele censurava no ministério, como o fato do partido “aumentar” de 30g para 20g a quantidade semanal de ração de chocolate por pessoa, e o fazer de forma que as pessoas não percebessem a diminuição, também reparava o fato das crianças serem pequenos soldados caseiros do partido, que muitas vezes denunciavam seus pais, e o próprio Winston não consegue lembrar-se da sua infância devido à forte lavagem cerebral feita pelo partido, já que o mesmo tinha poder sobre o passado, o presente e o futuro, sendo o que o mesmo dizia sobre acontecimentos passados indiscutível. Winston já fora casado, casamento que se rompera pela fidelidade de sua esposa aos ideais do partido, que diziam que sexo só poderia ser feito somente pela procriação.

Winston, sabendo de todas as mentiras do partido começa a buscar focos do passado, porém não os acha,passa inclusive no proletariado, que seria a terra onde não se seguem as determinações do partido, pensando ser perseguido por Júlia, uma espiã da Policia do Pensamento (órgão que geria a liberdade de expressão), mas no fim das contas acaba recebendo uma disfarçada declaração de amor, depois de algum tempo de diálogos disfarçados de conversas sobre o trabalho no partido, eles conseguem ter um encontro conforme o tempo começam a morar juntos, são convidados a visitar a casa de um membro do partido que consegue um livro com a obra de Goldstein, mas um dia uma teletela colocada atrás de um quadro,os flagra, junto de seus ideais, e então são mandados para a tortura no temido ministério do amor, onde é torturado pelo mesmo membro do partido que lhe cedera o livro de Goldstein, sofre uma lavagem cerebral, e após isso vai ao quarto 101, o lugar da readaptação, onde é exposto ao seu maior medo: os ratos! Então ele renega seu amor por Júlia mandando que isso fosse feito com ela.

Após isso Winston é rebaixado, termina seus dias em um trabalho simples, e é absorvido pelo sistema, e ama o grande irmão como qualquer outro.

Minha opinião sobre o livro e suas relações com o nosso mundo atual

Muitos e muitos livros á foram criados, os quais retratam suas respectivas épocas, mas boa parte deles perde a contemporaneidade com o tempo, não expressando seu conteúdo como deveria, mas alguns fazem intersecção entre a época em que foram criados e tempos futuros, como 1984, que fora lançado em 1948 (sim, apenas foram invertidos os dois últimos números do ano de lançamento, para tentar mostrar que o livro previa um possível futuro), faz sátira com o regime fascista, e o regime nazista, no qual o grande irmão pode representar o líder político que lidera o país e é tratado como herói, mas, acho que há uma abordagem mais interessante do que essa, como já citei antes, esse livro é atemporal, e para mim ele se aplica aos tempos modernos tão bem quanto ao tempo em que ele foi criado.

Temos muitos elementos que se assemelham com coisas atuais que aparecem no livro, um bom exemplo é a mídia a serviço da política, onde há uma idolatria pelo político, onde ele sempre acaba ficando no poder, podemos citar Hugo Chaves, presidente da Bolívia, que deixou como canal aberto somente a emissora estatal, que evidentemente, apenas mostra o que há de bom no governo, e as vezes pode “criar” essas coisas boas.

Por falar na mídia o fato de não poder desligar a teletela, pode ser vista como a necessidade das pessoas de sempre estarem com a televisão ligada, e o fato de haver alguns programas “interativos” como a ginástica mostra o quanto a televisão domina as tendências da sociedade, podemos ter como exemplo a proliferação de smartfones e tablets na sociedade, afinal “é tão bonito, prático, e é a moda!”, para finalizar os comentários sobre a mídia, temos que citar também que a nossa televisão é muito mais eficiente que a teletela, pois ela não precisa supervisionar as pessoas, já que os que comandam a mídia sabem a forma correta de manipular as pessoas, as tendências ditas pela televisão nos são mandadas por algo que podemos chamar de “entretenimento”, temos inclusive, divertidas novelinhas que nos mostram os principais assuntos da sociedade de forma que seja conveniente para a mídia, e tudo da maneira mais divertida possível! Ah, que coisa maravilhosa!

Outro assunto extremamente interessante é a novilíngua, linguagem da sociedade descrita no livro que reduz o máximo possível as palavras, sendo excepcionalmente fácil de aprender, seriam as atuais eliminações de acento da língua portuguesa uma tentativa de criar uma novilíngua brasileira? Também podemos falar do fato do inglês americano ser a língua dominante no mundo, é uma língua extremamente fácil de aprender, as palavras são de fácil locução e não possuem os temidos acentos, para comparação, o francês chega a ter três acentos em uma única palavra! E ainda há alguns países que adaptaram palavras do inglês á sua língua nativa, um bom exemplo disso é o Japão, que foi obrigado a fazer isso na ocupação americana no final da segunda guerra, e chegamos ao ponto de professores de português famosos incentivar a simplificação da língua, falando inclusive na televisão: “o português certo é aquele que a maioria usa”, ou seja vamos todos falar um dialeto fácil de se dizer as coisas básicas do dia, porém assim não poderíamos demonstrar nossas idéias, acho que o nome disso seria massificação.

A massificação que eu digo é o ponto principal do livro, ninguém tem memória nem pensamentos próprios, simplesmente vivem o momento com o que lhes é dito, porém temos exceções, como o caso de Winston, pessoas que pensam por si próprias, porem, elas acabam sendo engolidas pelo sistema que repudia o individualismo, o proletariado poderia ser um exemplo de como uma sociedade vê pessoas com opiniões diferentes, como inferiores.

Finalizando, é um ótimo livro, especialmente para quem gosta de estudar ciências humanas.

Esse livro me deixou com uma dúvida ao seu final:

Há um “grande irmão” zelando por nós?

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