Introdução
A análise a seguir é referente á obra 1984, escrita por George Orwell (Eric Arthur Blair, seu verdadeiro nome), um dos mais influentes escritores do século XX. O livro, escrito no ano de 1948 (onde se inverteu a ordem dos números para o título do mesmo), descreve a distopia no futuro ano de 1984, onde o autor previu um mundo controlado politicamente através de fatos que estavam acontecendo naquela época.
Com narração em terceira pessoa, o livro conta a história de Winston Smith, membro do partido e funcionário do Ministério da Verdade, que ao decorrer da trama, percebe que vive em um tipo de regime totalitarista e acaba rebelando-se contra seu próprio partido (IngSoc), comandado pela figura marcante e disciplinar do Grande Irmão (Big Brother), presidente do partido.
O livro não tem críticas somente ao nazismo, aborda toda a nivelação da sociedade, a redução das pessoas em prol de servir o partido e ao mercado através do controle total, incluindo sua liberdade de escolha e pensamento e a implementação de um novo idioma extremamente reduzido. Winston Smith representa o cidadão comum monitorado diariamente pelas teletelas e pelas forças do partido.
Enredo
Como o próprio nome já diz, a história se passa no fictício ano de 1984, no país da Oceania, também citada na obra como Pista de Pouso Número 1. Isso acontece pelo fato de que após a Guerra Fria, o mundo teria se dividido em três grandes potencias: Eurásia, Lestácia e Oceania. Portanto o nome Oceania não seria em referência ao continente, mas sim como um tipo de congregação de todos os países dos oceanos.
A Oceania vive em um tipo de regime militar severo desde que o partido denominado IngSoc assumiu o poder, tendo como figura principal o Grande Irmão (presidente do partido), um homem com aproximadamente quarenta e cinco anos e feições rudemente agradáveis. Nos quatro cantos da cidade era possível encontrar cartazes com a imagem daquela figura enigmática, com olhar marcante, onde sempre se tinha a impressão de que seus olhos lhe acompanhavam e logo abaixo, um letreiro que sempre dizia: “O Grande Irmão está de olho em você”.
O partido tinha como lema: “Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força”. Cada residência continha uma teletela, um tipo de instrumento utilizado pelo partido com objetivo de vigiar cada pessoa, podendo ver o que a mesma estava fazendo em tempo real e até mesmo escutá-la (funcionava como uma espécie de câmera), onde também era possível transmitir notícias. O idioma habitual também tivera sido reformulado, passando a abreviar a maioria das palavras, sendo assim, adotando essa nova linguagem como idioma oficial (novilíngua). Tudo era controlado pelo partido e caso alguém pensasse de forma distinta a que se era imposta, cometia crimidéia (crime de ideia em novilíngua) e fatalmente seria capturado pela Polícia do Pensamento.
A província tinha um sistema de governo em forma de ministérios, onde dividiam todas as funções do governo. O Ministério da Verdade ou Miniver em novilíngua era o local onde Winston trabalhava. Ocupava-se das notícias, diversões, instrução e artes, e tinha como principal função reescrever e alterar dados de acordo com o interesse do Partido. Todos os dias o passado era alterado de acordo com o tema imposto, a verdade de certa forma transformava-se em calunia ou em algo que nunca tivera acontecido. Os funcionários desse ministério pesquisavam diariamente todos os jornais, revistas, livros ou qualquer que fosse o material impresso, selecionava quais matérias ou notícias seriam alteradas e enviavam para outros funcionários, que eram encarregados de reescrever todas as notícias. Depois de efetuada a mudança, a fonte original era posta no incinerador (denominado buraco da memória) para ser destruída, assim, eliminando qualquer forma de provar que tais notícias não eram de fato autenticas.
Os outros três ministérios eram o Minipaz, o Miniamo e o Minifarto. O Ministério da Paz (Minipaz) era o responsável pela guerra e por qualquer manifestação que fosse semelhante a essa atividade; o Ministério da Fartura (Minifarto) se preocupava com toda e qualquer atividade econômica do governo.
O Ministério do Amor (Miniamo) era o que mantinha a ordem e a lei e para onde todas as pessoas que cometiam crimideia iam parar. Era um lugar aterrorizante, não tinha janelas na sua estrutura e era um prédio impossível de entrar, exceto em função oficial e mesmo assim, atravessando inúmeros obstáculos, lugar este onde até então Winston nunca tivera passado nem perto.
Os cidadãos em massa, inclusive Winston tinham consciência de que qualquer atitude suspeita seria fatal, pois a polícia do pensamento iria prendê-los e provavelmente eles nunca mais seriam vistos. Desde sempre, todos eram influenciados a denunciar para a polícia do pensamento qualquer tipo de ato que fosse considerado traição, até mesmo pessoas da mesma família eram influenciados a denunciar qualquer conversa ou atitude suspeita.
O personagem principal tinha cerca de quarenta e poucos anos, aparência simples e como dito antes, trabalhava para o partido apesar de secretamente discordar das ações dele. Certo dia, cansado e com necessidade de extravasar todas as suas angustias, Winston decidi ir a um antiquário e lá compra secretamente um diário e uma caneta, pois era proibido que esses objetos fossem adquiridos por membros do partido. Em seguida, ele volta para sua casa, encontra um modo de “esconder-se” da teletela no único canto em seu apartamento em que a mesma não conseguia visualizá-lo, mas mesmo assim, poderia ainda captar qualquer tipo de som que ele fizesse. Mesmo não sabendo muito bem o que escrever no início e com receio de que fosse pego pela policia do pensamento, Winston começa a colocar naquele velho diário tudo o que pensava e o que se passava ao seu redor, pois sentia uma enorme necessidade de desabafar com alguém. Uma das primeiras coisas que escreveu foi: Abaixo o Grande Irmão.
Winston começa então a relembrar sua vida antiga, pois antes do partido tomar posse do poder, ele levava uma vida simples com sua família, mas agora, suas lembranças eram vagas e quase sempre ele não se lembrava de nada.
É cabível que citemos aqui os Dois Minutos de ódio. Este era um momento onde todos os membros do partido exaltavam seu amor e gratidão ao Grande Irmão, enaltecendo as suas supostas conquistas e direcionando o ódio à Emmanuel Goldstein, homem que “conspirava” contra o partido e que sempre tentava alertar os cidadãos sobre o chefe do IngSoc. Era considerado um grande traidor.
Winston lembrou-se dos Dois minutos de ódio. Recordou-se de O’brien, membro do partido interno, cidadão este que lhe chamou a atenção. Lembrou-se também de uma linda moça a qual fez recordar a última vez em que tivera feito sexo. Winston anotava qualquer tipo de informação e tudo o que se passava em sua mente, algo que se tornava cada vez mais perigoso. Por causa disso, lembrava também do caso dos últimos três sobreviventes da revolução, que foram presos, julgados, perdoados e certo tempo depois executados, mesmo Winston se lembrando de ter os visto, passado pouco tempo no Café Castanheira. O partido mandou que fosse escrito uma matéria sobre os três traidores, invertendo totalmente a versão original. A mentira do partido era o motivo que deixava Winston inquieto e revoltado, fazendo com que ele escrevesse em seu diário que liberdade, era poder escrever que dois mais dois são quatro e não o que o partido determinava.
Passado certo tempo, Winston volta ao antiquário onde tinha adquirido seu diário e fica surpreso com o que o dono do local o mostra: um quarto mobiliado e livre de teletelas. Logo ao sair de lá, percebe que há uma mulher o seguindo e no princípio suspeita que ela pertença à polícia do pensamento.
No dia seguinte, ao chegar ao trabalho, encontra novamente com a mulher misteriosa. Ao passar por ela, a moça finge estar com dor para desviar a atenção das teletelas e entregar-lhe um bilhete onde dizia: Eu te amo.
Era claro que membros do partido, principalmente do mesmo sexo, não deviam se relacionar ou conversar, apenas de respeito ao trabalho e por casa disso, Winston e a mulher passaram a se comunicar brevemente através de bilhetes, até conseguirem marcar um encontro longe das teletelas. A mulher chamava-se Júlia e Winston só descobriu isso após já ter beijado-a. Ela confessa que sentiu interesse nele pelo fato de Winston não demonstrar devoção pelo partido e ela tinha extrema vontade de corromper o mesmo. Winston decide então alugar o quarto que o dono do antiquário o teria mostrado dias antes para que seu romance com Júlia não fosse interrompido.
O’brien percebendo que Winston era diferente dos outros, o convida para ir ao seu apartamento ver o novo dicionário de novilíngua. Winston aceita e leva junto dele sua namorada Júlia. Quando O’brien desliga a teletela (alguns membros do partido podiam fazer isso), Winston revela que odeia o partido e que deseja conspirar contra ele, ato este que fez com que O’brien o entregasse o famoso livro de Goldstein.
Winston lê o livro empolgadamente, enquanto Júlia não se dedica tanto como ele. De repente pode-se ouvir uma voz metálica que disse: “Nós somos os mortos”. Era uma teletela que se encontrava atrás de um quadro. Os guardas invadem o quarto e levam Winston preso.
As celas da prisão também possuíam teletelas. Ao encontrar O’brien, Winston acha que ele também tivesse sido pego e escuta: “Eles me pegaram há muito tempo”. Winston vai para uma sala e tem como O’brien seu torturador. O’brien explica a Winston o conceito do duplipensar, as regras do partido, questionando Winston sobre as coisas que foram escritas no diário. Diz a ele, que o partido tem o controle sobre a realidade, que a verdade pertence ao partido, pois ele comandava até mesmo a mente das pessoas. Winston, drogado e torturado, começa a aceitar o partido e acreditar no mesmo, mas ainda faltava mais uma parte da sua reintegração: passar pelo quarto 101, um lugar personalizado, que tinha as coisas que Winston mais odiava (ratos). Os torturadores colocaram nele uma máscara com abertura para uma gaiola cheia de ratos, fazendo assim com que o personagem principal dissesse para que aquilo parasse e fosse feito com Júlia, alegando desesperadamente que a culpa teria sido dela.
A história chega ao fim com a libertação de Winston. Ele acaba seus dias frequentando o Café Castanheira e com sua posição rebaixada. Júlia escapa também do quarto 101 e os dois voltam a se encontrar apenas ocasionalmente. O partido consegue enfim separá-los e Winston começa a finalmente amar o Grande Irmão.
Comparações com o livro
Na figura de Grande Irmão (Big Brother), o presidente da IngSoc controla tudo, determina o que é a verdade e o que é mentira. Ela usa o recurso das teletelas para vigiar cada passo dos cidadãos e também para poder escutá-los.
Na atualidade, esta forma de vigiar a vida dos cidadãos ainda é bem utilizada, mas não com o uso de teletelas e sim, com outros tipos de aparelhagem eletrônica mantendo a mesma intenção.
Google
O Google é atualmente o maior site de pesquisa do mundo. Ele coleta as informações do usuário através da internet. Ao se iniciar uma pesquisa, por exemplo: quando é digitado na barra de busca do Google o que deseja saber, este começa a acompanhar toda a sua navegação, principalmente se algum login é efetuado, ou seja, onde se estiver logado e tiver uma barra de busca do Google, ela vai acompanhar a sua trajetória na web até o fim.
O Orkut é outro ótimo meio de fazer com que essa empresa descubra coisas sobre você. Ao usar o Orkut, podem ser armazenados muitos dados pessoais como nome completo, data de aniversário, fotos, e-mail e até mesmo comidas que você gosta ou livros preferidos, até mesmo seu perfil e atitudes, tudo semelhante a “ditadura” em que os cidadãos da Oceania viviam.
E porque será que quando você acessa seu e-mail, geralmente tem anúncios de coisas as quais podem interessar você? Até suas preferências são monitoradas através da frequência com que você acessa determinado assunto. A parte mais simples é descobrir o e-mail e quando ele é acessado, terá diversos anúncios de coisas que você se identifica como se fosse à maior coincidência do mundo.
Descoberta de um cavalo de tróia alemão
Cavalos de troias em geral, são programas de computador criado por hackers com a finalidade de roubar dados de computadores onde são instalados. Semana passada, um pequeno grupo deles descobriu um programa diferente do habitual criado pelo governo alemão.
O grupo europeu Chaos Computer Club anunciou em seu site que teria reformulado um cavalo de tróia que foi sido enviado a eles secretamente. Quando foram observar o código, eles descobriram que o programa é capaz de gravar conversas de áudio no Skype, registrar teclas digitadas nos browsers Firefox, Opera, Internet Explorer e Seamonkey, capturar telas em arquivos no formato de fotos (como um print) e se comunicar com um servidor remoto para mudar suas definições a qualquer momento.
Assim como acontece em 1984, os cidadãos estavam sendo monitorados contra a vontade. O governo alemão teria reajustado esse programa com a finalidade de saber o que os usuários do mundo todo faziam em frente à tela do computador, teria acesso a senhas, caso o usuário logasse algo e poderia ter acesso a informações pessoais do usuário quando desejasse, além disso, possuir arquivos em formato de fotos com as ações do usuário, sabendo cada passo que este tomava.
Da mesma forma que as teletelas vigiavam a vida dos membros do partido, na história da vida real, o governo alemão utilizou a internet como ferramenta de espionagem.
Conclusão
Após a leitura deste clássico da literatura e posteriormente realizada a análise do mesmo, conclui-se que assim como no livro, muitas coisas ainda são presentes em nossa sociedade e o maior exemplo disso é a política.
Apesar de o livro estar retratando um regime totalitário severo, a intenção do partido nada mais era do que controlar a sociedade e sempre desviar a atenção para o partido opositor: “odeie o seu inimigo e se identifique com o seu semelhante”, algo fácil de observar nas campanhas políticas atuais, onde o foco de muitos é mostrar como o seu partido é eficiente e o quanto o outro é inadequado, apontando seus erros e fazendo milhões de promessas.
Referências Bibliográficas
http://www.gratisdicas.com.br/google-street-view-etica-invasao-privacidade.html
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