“A Revolução dos Bichos” ,, de George Orwell, é sem dúvida nenhuma uma obra de cunho político, não apenas pela evidente comparação com a Revolução Russa, mas porque os comportamentos dos seus personagens são claramente reproduzidos atualmente.
Para fazer o comparativo, escolhi o personagem Napoleão, pelas suas características que correspondem à imagem nem sempre justa que a maioria das pessoas tem dos políticos – corruptos, mentirosos, que só pensam no próprio dinheiro e estão se lixando para o povo. É verdade que muitos políticos não são assim, mas essa imagem está de tal modo arraigada no pensamento do brasileiro que, numa discussão sobre política, ou assistindo ao jornal da noite, alguém vai dizer: “Políticos são todos ladrões.”
Napoleão é um exemplo clássico do estereótipo do político. Discordava de Bola-de-Neve, conseguiu tirá-lo do poder na primeira oportunidade que teve. Fez campanha, embutiu um ideal em todos os bichos. Disse que sem Jones tudo ia ser diferente, mas a ditadura dele acabou sendo igual. Como muitos políticos fazem na campanha: dizem que vão ser diferentes dos outros, que vieram para renovar, criar uma nova esfera social, etc.
A escolha da ex-governadora Yeda Crusius aconteceu pela proposta semelhante à de Napoleão: um novo jeito de governar. Poderia ser com qualquer outra personalidade política.
Assim como Napoleão e Bola-de-Neve, Yeda conseguiu mobilizar uma grande quantidade de pessoas a seu favor, ou seja, cativou eleitores. Parte do que ela prometeu foi cumprido, mas algumas coisas não deram certo. Na educação, a situação se tornou insustentável, tanto nos salários dos professores quanto nas condições das escolas. Isso acarretou uma greve da categoria, no fim do ano, que prejudicou muito alunos. A greve teve direito até a polêmica sobre a ação da Brigada sobre os professores.
Somando isso à privatização de empresas, principais polêmicas do governo Yeda, a ex-governadora sofreu uma dura campanha a favor de seu impeachment. Isso não chegou a acontecer, mas nas eleições de 2010 ela não alcançou votação nem mesmo para chegar ao segundo turno.
Comparei Napoleão a Yeda pela semelhança do seu começo de camapanha e governo, mas poderia ter usado qualquer outro político em cujo mandato tivesse ocorrido certa animosidade. O brasileiro que reclama, fala mal, mas chega na urna e vota em qualquer um. Escolhe um deputado, mas não sabe o que ele prometeu – “é tudo a mesma coisa” – e depois não sabe o que cobrar. Talvez aqui o maior comparativo seja entre o povo brasileiro e os animais da Granja do Solar, explorados, internamente indignados, mas ainda assim passivos.
Fontes:
- A Revolução dos Bichos, de George Orwell.
- Governo Yeda Crusius, um fiasco nacional, de Marco Wessheimer no blog RS Urgente.(disponível em http://rsurgente.opsblog.org/2009/06/03/governo-yeda-crusiusum-fiasco-nacional/)
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