sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A revolução dos políticos




O livro “A revolução dos bichos”, de George Orwell fala sobre a luta pela “independência” dos animais. Durante esta luta houve conflitos físicos e verbais entre eles. Toda esta batalha ao longo do livro mostra-se bastante eficiente, mas em meados do fim, começa a voltar a ser como era antes. Estavam livres sim do comando do fazendeiro humano, mas agora estavam de certa forma, sendo comandados por um fazendeiro animal. Todos tinham em mente nunca se tornar iguais aos humanos. Seriam justos e amigos. Mas como acontece também entre os homens, quando o poder “sobe à cabeça”, não existem mais amizades, nem nada que supere o prazer de ter o poder sobre o outro. O autor usa dos animais, de maneira que, se colocarmos o ser humano em seu lugar, poucas diferenças ocorrem além das diferenças físicas.

Analisando esta semelhança entre o ser humano e os bichos, levando em consideração a seus atos, podemos fazer algumas comparações. Certamente que houve atos de escravismo, entre outros, mas o que mais chama a atenção são as falsas promessas. Estas falsas promessas consistem em analisar mais especificamente o personagem Napoleão que, ao longo da revolução, torna-se o novo líder e com as promessas de que estaria sempre ao lado dos bichos, os ilude até chegar ao comando de tudo. Também prometeu que seria diferente de Jones, aliás, era este o propósito da revolução, deixar de serem comandados por uma espécie diferente, pois assim se sentiriam mais seguros, mas não foi bem assim que aconteceu. O fim desta revolução, pode-se dizer que foi igual ao começo. Napoleão acabou ficando igual a Jones.

Em toda a história, era sempre mencionada a questão de “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. Mas no final, o porco de quatro patas, acabou “esquecendo suas outras duas patas” e passou a andar somente com duas, isto é, suas atitudes agora eram iguais às dos homens. E tudo voltou a ser como era antes. Estas promessas de que “serei diferente”, “novo jeito de governar”, estão sempre presentes em nossa “bela e magnífica” democracia. Estes seres que se dizem do povo, ou seja, de mesma espécie, acabam esquecendo estas características e acabam priorizando seus “semelhantes” políticos. Cargos políticos, omissões e coligações são exemplos de relações entre eles que jamais fariam com alguém do povo. As promessas das campanhas políticas, que na grande maioria acaba nunca saindo do papel também são demonstrações de atos comparáveis às atitudes de Napoleão para com seus conterrâneos.

Esta é uma história muito conhecida por nós brasileiros: as promessas. Em época de eleição, são tantas promessas que o eleitor acaba enlouquecendo. É uma ilusão atrás da outra, muitas sem o menor cabimento. Mas nesta democracia vale de tudo para ganhar um “lugarzinho no céu da política”. Temos como um exemplo de “Napoleão”, o ex-prefeito Gilberto Kassab. O ex-prefeito chegou a tal cargo com a renúncia do anterior prefeito José Serra. Kassab ficou conhecido por não cumprir mais da metade de suas promessas. Poucas totalmente concluídas e outras tantas pela metade. Entre as promessas não cumpridas estavam o projeto de um "Disque-Trânsito 24 horas", mas que nunca saiu do papel. Algo que também chamou a atenção foi de que de doze promessas feitas em relação ao trânsito somente seis foram cumpridas. A lista desses projetos que “fixaram-se’’ apenas nos papéis é grande, dentre eles estão: acabar com a falta de vagas em creches, pequenos hospitais de bairros com leitos para internação, hospital pequeno em cada bairro, etc.

Vale ressaltar que o ex-prefeito não executou estes projetos citados em campanhas, mas executou alguns que não foram mencionados em seus discursos. Mas mesmo assim, se levarmos está situação ao pé da letra, estamos sendo feitos de “bobos’’. E o pior é que o eleitor já esta farto disso. Ele já conhece o “território’’, mas sempre acaba esquecendo disso na hora de escolher seu candidato e votar consciente. É possível que com tal direito que temos sobre os candidatos, estejamos sendo submissos aos meios de comunicação e com estas ilusões de promessas? Não tem como dizer que os meios de comunicação não influenciam o voto. Nos debates transmitidos, como forma de tentar mostrar ao povo que se sai melhor que se adversário, o candidato acaba fazendo promessas que, embora ele saiba que não sejam cabíveis, ele as faz com a intenção de que nós eleitores acreditemos. Você vai dizer que não, mas nós acreditamos. Não sejamos hipócritas na hora de votar e inseguros na hora de julgar o que está ao alcance do candidato. É de nossa vontade que exista um pequeno hospital em cada bairro, mas conscientes sabemos que isto é inviável. Não temos verbas para contratar muitas vezes um profissional da saúde, muito menos para manter tantos hospitais de tal maneira que sejam úteis à sociedade. Está aí mais um exemplo de que por mais certos que estejamos que nosso candidato é o correto, dúvidas sempre permanecerão, afinal, isso já é epidemia, promessas com um único propósito: iludir o eleitor.

No livro também é abordada a questão de que apesar de seus lucros estarem sendo maiores do que na época de Jones, estes não estariam sendo destinados aos trabalhadores. Só quem havia enriquecido foram os porcos e os cachorros. Em nosso contexto, os porcos são os políticos e os cachorros, aqueles que os seguem cegamente em troca de cargos ou bons salários. O lucro também poderia ser traduzido para os impostos que pagamos, estes cada vez mais altos. Porém, sua aplicação é pouco perceptível.

“[...] De certa maneira, parecia como se a granja se houvesse tornado rica sem que nenhum animal tivesse enriquecido- exceto, é claro, os porcos e os cachorros. [...] Garganta nunca se cansava de explicar que havia um trabalho insano na ação de supervisionar e organizar a granja. Grande parte desse trabalho era de natureza tal que estava além da ignorância dos bichos. Tentando explicar, Garganta dizia- lhes que os porcos despediam diariamente enormes esforços com coisas misteriosas chamadas “arquivos”, “relatórios”, “minutas” e “memorandos”. [...] Quanto aos outros, sua vida, ao que sabiam, continuava a mesma. Geralmente andavam com fome, dormiam em camas de palha, bebiam água no açude e trabalhavam no campo; no inverno sofriam com o frio; no verão, com as moscas. [...]”

E estes outros com fome? Quem são? Somos nós? Nós que pagamos impostos. Os mesmo que se iludem com as propostas de campanha, que quando mais precisam dos recursos- estes que deveriam ser oferecidos pelo governo, este governo que recebe imposto e que nos ilude-, não podem contar com eles.

Apesar de conceituarmos como algo sendo ruim, tal como pensamos a respeito dos políticos, os candidatos dizem que vão ser diferentes: “eu vou fazer a diferença”, “eu sou contra a corrupção...”, mas ao entrar no “mundo da política”, não há como “não passar perto da sujeira sem se sujar”. No final da história, todos nós que éramos de “quatro pernas”, acabamos cedendo e se colocando de “duas pernas”. E, hoje em dia, esta difícil definir quem é “porco” e quem é “homem”.




http://www.youtube.com/watch?v=7OG159vtRwo


Referências:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u484699.shtml

Marília Rosa Silveira
Inf 1 at

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