segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A Máscara da Realidade

O livro 1984 foi escrito em 1949 por George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair (1903-1950) considerado, por muitos, o maior cronista da cultura inglesa no século XX. No livro é retratada a história de um homem, Winston Smith, que se vê diante de um governo corrupto, ditador e totalitário. A Oceania era liderada por Big Brother junto ao partido INGSOC, cujos lemas eram: Guerra é paz, liberdade é escravidão e ignorância é força. Para manter o controle sobre a população proibia-se a liberdade de expressão, nem pensar tornara-se seguro. Para manter o controle sobre a população, proibia-se a liberdade de expressão, nem pensar tornara-se seguro. Como forma de controle da população, foi criada uma nova língua, que abrangia menos palavras do que a antiga, inglês, pois muitas palavras perderam significado e outras foram eliminadas.

O governo era dividido em quatro ministérios que compartilhavam suas funções: Ministério da Verdade no qual Winston trabalhava, ocupava-se com todos os assuntos que envolvessem mídia; o Ministério da Paz ocupava-se com as guerras; o Ministério do Amor era encarregado de cuidar dos direitos civis e jurídicos e o Ministério da Fartura tomava conta de tudo relativo à economia.

O governo totalitário vigiava diariamente a população por meio de teletelas, aparelhos que filmavam e captavam o som de quase todos os lugares no continente. Esses aparelhos transmitiam notícias à população e informações da população ao governo. O totalitarismo era tanto que todos os dias havia os Dois Minutos de Ódio, quando as pessoas deviam exaltar seu amor à pátria e expor seu ódio por quem se impusesse contra o governo. Nas escolas, as crianças eram ensinadas a reconhecer criminosos e denunciá-los. Muitas destas denunciaram seus próprios pais. As mulheres deveriam utilizar um cinto de castidade para mostrar a pureza e devoção ao partido. O sexo era considerado um ato criminoso.

O trabalho de Winston consistia em falsificar notícias, fotos e tudo que o partido exigisse. As falsificações eram executadas para mostrar que o partido estava sempre certo e era o melhor a ser seguido. Elas eram feitas de tal modo que a realidade passava a não existir e a falsificação transformava-se em realidade. Durante os dois minutos de ódio no trabalho, Winston reparara que uma jovem o observava. Acreditando que esta fosse uma policial, ele a desprezava. Alguns dias passados, Winston descobriu que esta jovem, apesar de usar o cinto de castidade, o amava. Contra as leis Winston e Julia passam a viver um caso proibido, seus encontros eram feitos em lugares afastados das metrópoles, onde acreditavam não haver teletelas, e em um quarto alugado no bairro que as proles habitavam. Ele, ciente de que estavam cometendo crime, continuou a encontrar se com ela, que também era contra o partido e o Big Brother. Um de seus colegas de trabalho convidara-o para ir a sua casa com o propósito de emprestar-lhe um dicionário, porém este era apenas o pretexto para que Winston e Júlia fossem informados sobre a resistência que existia (em segredo) contra o governo. Eles fazem um juramento em que prometem servir à resistência.

Alguns dias depois um novo encontro entre os amantes é marcado. Na ocasião eles são descobertos pelo governo, sendo ambos presos e torturados. O partido os obriga, com torturas, a aceitarem que o INGSOC está sempre certo. Meses, talvez anos depois os amantes encontram-se livres. Porém, após tanto sofrimento imposto pelas leis partidárias, eles decidem não se ver mais e seguir a vida, que na verdade é uma escravidão em relação à falta de direito de expressão dentro da sociedade.

A vida imita a arte e a arte é inspirada na vida, com isto podemos perceber a relação em diversos pontos do livro 1984 com a realidade. Podemos relacionar, por exemplo, o governo totalitário INGSOC à ditadura no Brasil, em ambos a liberdade de expressão foi considerada crime. Também podemos relacionar o INGSOC ao partido nazista. No sentido de obrigar as pessoas a acreditarem que o partido é o certo e qualquer um que se opor a ele deve ser exposto a péssimos tratamentos, como tortura. Os lemas do partido “A guerra é a paz, a liberdade é a escravatura, a ignorância é a força” mostram que seu objetivo era eternizar o poder nas mãos das classes dominantes. Assim como ocorre na maioria dos países, inclusive no Brasil, em que uma pessoa ascender em sua condição social é quase impossível, devido a injustiças sociais, como a falta de acesso à educação e cultura. Também podemos ressaltar que as pessoas oprimidas não buscam seus direitos se não tiverem exemplos de sucesso, assim como as proles descritas no livro 1984.

No livro algumas pessoas têm consciência de que estão sendo enganadas pelo partido com as notícias forjadas e mesmo assim não tomam atitude alguma por medo da opressão. Na vida real, alguns empresários (por exemplo) roubam e matam com a população e a polícia tendo conhecimento. Porém, nada é feito, pois os recursos destes empresários os tornam honestos para a justiça. Assim como o assassinato de Helvécio Maia dos Prazeres, que chocou o estado de Teresina e Piauí em 2010. Assassinado dentro de seu caminhão com seis tiros pelo empresário Flávio de Souza. Um ano após o ocorrido, Flávio apresentou-se às autoridades e justificou o assassinato como vingança pela morte de seu filho, pois Helvécio bateu no veículo do filho do acusado causando sua morte. Mesmo após a rendição o empresário encontra-se impune pelo crime cometido.

Não podendo deixar de comentar a maior semelhança entre o livro e a vida real: No livro a sociedade encontra-se vigiada pelo governo através de teletelas. Na vida real, a sociedade pode ser vigiada através de telefones móveis. Em Pequim, por exemplo, está sendo feita a implementação de um sistema avançado de rastreamento de celulares anunciado pelo governo chinês. A justificativa do governo é melhorar a gestão do tráfego na cidade, rastreando, 24h por dia, todos os celulares da cidade, ou seja, rastreando a população. Há momentos em que a ficção torna-se um espelho da vida, no qual podemos enxergar a realidade.

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