Somos os filhos da Revolução ♫
(Porco Major = Renato Russo)
A obra “A revolução dos bichos”, de George Orwell traz a história da triste luta contra a tirania para com os animais de uma fazenda comandada por humanos. Após a influência de alguns destes animais, a luta para combater os humanos demonstrou-se muito eficiente e é ênfase de grande parte do livro. Mas o gosto da vitória acaba logo. Aqueles que prometeram seguir os passos daquele que tomou a iniciativa para a mudança, dão um rumo frenético a história, demonstrando que o lado bom de uma revolução não passa de uma simples fase, e de que agora ao invés de os humanos comandarem a fazenda, quem fazia todo o trabalho sujo eram dois dos porcos que ajudaram na expulsão dos donos da fazenda. A repugnância dos animais em relação aos humanos era bastante visível, mas agora, seus próprios companheiros assumiram o papel dos humanos. Tudo isso condiz com o velho ditado “Dais o poder e verás quem é”. Tudo isso é prova do caos de hoje em dia, em que a ética não significa mais nada, o poder de uma amizade não é nada perto do poder absoluto. Seria esta uma espécie de lição de moral para nós mesmos, de que hoje em dia é possível trair, aos mais confiantes, e nada nem ninguém vale mais do que o poder.
Em meio a muitos personagens, há um deles sobre o qual é possível se fazer uma breve comparação, o personagem de Major um porco revoltado pela anarquia que prevalecia na fazenda onde morava com a figura displicente de Renato Manfredini Júnior (Renato Russo) o conhecido filho da revolução.
O livro conta que o porco Major, antes de sua morte, quis de alguma forma, abrir os olhos de seus companheiros da fazenda. Mostrou a eles o quão terrível era sua situação em relação aos humanos, os quais que se aproveitavam excessivamente de seu trabalho. Enquanto eles não usufruíam de nada.
O mesmo pode-se dizer de Renato Russo, conhecido por sua personalidade irreverente, forma rústica de expressão, e por sua luta por um país melhor. Ele levou ao delírio milhares de brasileiros, com suas canções que questionavam a repressão da sociedade de alguns anos atrás. Ambos acreditavam no mesmo ideal, a justiça poderia existir sim.
O livro traz uma canção a qual o personagem Major apresenta a seus companheiros, e que logo resultaria em uma revolução. A canção era chamada “Bichos da Inglaterra.” e retratava o papel da injustiça dos humanos em relação aos animais, e tudo aquilo que poderia ser melhorado se os animais tivessem poder sobre os humanos. Renato Russo fez o mesmo nas letras de Geração Coca-Cola, Perfeição e Que País É Este, entre outras. Suas letras demonstravam o tamanho de sua repugnância, pelo governo, convertendo o pensamento de jovens de diversas gerações.
Após sua morte, os ideais que foram propostos pelo porco Major, foram adulterados, portanto de nada adiantou seu discurso a seus amigos. Outros iguais a ele deram um rumo diferente ao que restaria de sua memória. O mesmo acorreu com Renato, que se foi deixando em seus seguidores parte de sua revolta, mas nem por isso seus ideais e músicas rebeldes foram o bastante para mudar totalmente a história de um Brasil reprimido e corrupto. Nos dois casos obtiveram sim algum resultado, mas nada grande o bastante para acabar com tamanho caos. Nem para completar totalmente aquilo que cada um tinha em vista, uma revolução para o bem.
Pode-se observar brevemente também, que no livro a idéia seria a de um confronto, entre aqueles que seriam eternamente inimigos, HUMANOS X ANIMAIS. Se adaptássemos isso para a vida real, Renato trazia essa idéia, mas na real seríamos nós os animais, a sociedade. E o poder central se encaixaria no papel dos humanos.
Não apenas pelo que manda o contexto, a ficção há muito tempo tomou conta da realidade. O que jamais imaginaríamos acontecer, hoje convive conosco a nossa volta. Ao que parece hoje em dia nada mais tem valor, o país regrediu de uma maneira inexplicável. Os noticiários são tomados pelo caos e pela bandidagem. Agora é cada um por si, não se sabe mais o chão que se pisa. A ingenuidade e a inocência saíram de cena, para que a falsidade e ignorância tomassem conta. Um amigo de verdade hoje em dia é coisa rara. Está tudo se perdendo, nada se preservando. E se tudo continuar assim, não se sabe qual será o nosso fim.
- Ludiemili Ferreira Pereira.
INF 1 AT
Link do vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=b-uyZsMOs2o
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